Foi Roland Barthes quem disse que a fotografia não fala daquilo que não é mais, porém daquilo que foi. É assim que navegando por essas linhas do tempo trazemos à superfície parte da história da Sociedade Musical Santa Cecíllia, fundada em 14 de outubro de 1945 na hermosa cidade de Barra de São João, Rio de Janeiro. Subvertendo a percepção de que tudo é efêmero e se apaga a medida que os olhos se fecham ao passado, a exposição "75 Notas em 4 Compassos", traz um breve resgate dos setenta e cinco anos da banda. Registrada nas lentes do poeta Max Medeiros, a produção disposta para acesso on line, compõe-se de dois eixos ("Arquivo" e "Sonoridades") que por sua vez se complementam como camadas para ampliar a observação, a identidade e a memória. Se em "Arquivo", o artista apresenta imagens de documentos, prêmios e tantas pessoas que fizeram a instituição nascer e, pois, manter-se de pé; já em "Sonoridades" a opção é por realçar a cor de cada registro. A música, sabemos, tem o poder, dir-se-ia a mágica de fazer com que mesmo a alma de um daltônico possa enxergar as matizes e tonalidades produzidas pelos sons dos instrumentos. Invadindo as vielas da comunidade barrense com partituras, ritmos e a plena nostalgia dos carnavais, o feito do maestro Álvaro Souza reuniu no mesmo sopro de vida pessoas comuns com cidadãos ilustres. Explorando a arte do fixo se mover, a fotografia reproduz ao infinito o que só ocorreu uma vez. Mas, ainda ora mergulhados de infinito reparemos que cada final de rua de Barra dá sempre no mar. Enquanto aqui tagarelamos, avista-se no horizonte o pescador tocando para as sereias. Quiçá são Cecílias cantando seus hinos de amor.